Comovente o encontro entre Fernando Collor e Lula. A cara amarrada do vice-presidente José Alencar, em todas as fotos nos jornais que o mostram entre um Lula e um Collor risonhos é o único lampejo de integridade na cena constrangedora.
Collor se elegeu senador por um partido, o PTB, que integra, com mais 10, a vasta coalizão majoritária. E Lula, ao aceitar receber a bancada de senadores petebistas, não poderia barrar o ex. Ainda assim, beiram a indecência as cenas explícitas de camaradagem entre Lula e Collor.
Na saída do encontro, Fernandinho "Beira-Mar" de Mello teorizou: "Quem está na vida pública sabe diferenciar muito bem o que são passagens no calor e no fragor de uma campanha eleitoral e o que são passagens de um tempo normal." É. Pode ser. Mas nenhum outro político nacional, pelo menos desde o fim da ditadura, fez o que ele fez "no calor e no fragor" da campanha de 1989. Pagou a uma ex-namorada de Lula, Mirian Cordeiro, para ela dizer (e os dizeres serem usados no horário eleitoral, dias antes do debate entre ambos na TV) que o petista, informado de que estava grávida, a pressionou para abortar. O que Lula sentiu quando posava, sorridente, sentado à mesma mesa que o autor da infâmia presumivelmente imperdoável, ou quando trocavam palavras gentis e tapinhas nas costas, é problema exclusivamente dele. O que Mirian, Lurian e a família da Silva sentiram ao ver as imagens (nas quais, repito, só se salva a carranca do vice) é problemas delas. Mas o simbolismo do fato, como exemplo de que em política nada se preserva e tudo se permite, esse simbolismo é problema de todos nós.
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