domingo, 5 de abril de 2015

Parte 2

A caminhada em direção à empresa era pesada como a névoa que cobria a cidade naquele dia. Seus pensamentos mesclavam a angústia de uma vida medíocre com a curiosidade e o receio do que estaria acontecendo naquele momento. Pensava que ter que ir a pé até seu local de trabalho era uma pena que merecia pagar, afinal, se existisse uma desgraça neste planeta, ele deveria absorvê-la.

- "Pare de ter pena de si mesmo" - pensou consigo.

Nem sinal de táxis na rua. Alguns carros circulavam sem rumo certo. Algo, por certo, estava acontecendo. Após longos 60 minutos de caminhada avistou sua empresa. Diversas viaturas da polícia na frente. Pensou no pior. Apressou o passo e observou Renata envolta por algumas policiais prestando esclarecimentos. Chegou.

- "É ele!" - indicou sua colega às autoridades ali presentes.
- "O senhor é Dênis Kleiton Bargho?" - perguntou-lhe a militar.
- "Sim" - respondeu.
- "Queira nos acompanhar!".

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Parte 1

Nem bem amanheceu o dia e o forte estrondo de um escapamento veicular, vindo da rua, o acordou abruptamente. A escura manhã de inverno, fria por si só, já dificultava o que já era um grande desafio: levantar da cama. Olhos semiabertos, sentado na cama, buscou seu casaco encostado na cadeira da escrivaninha. Mão no interruptor, luz acesa, caminhou até o banheiro.

Já não era daquele momento que sua vida lhe desagradava. Filho único de uma família de intelectuais, seu desempenho nos cadernos em nada lhe orgulhava. Formou-se sem muitas honras na Universidade. Ciência da Computação era um desejo infantil alcançado a muito custo.

A vida abastada que sempre sonhou parecia dar um passo à frente toda vez que ele tentava se aproximar. Dentes escovados, barbear-se naquela água gelada era uma tortura. Vestiu-se de maneira convencional e passou os olhos no relógio do despertador: 7:03 AM. Rumou à cozinha. Um café quente com o tradicional sanduíche fazia-se necessário todos os dias.

- "Acabou o presunto. Sanduíche só com queijo é dose. Vou tomar café na rua", pensou consigo.

Passou a mão nas chaves e rumou à porta. Trancou-a com uma volta e passou a caminhar em direção ao ponto do ônibus. A rua vazia, as casas escuras, assim como aquela manhã, não eram a companhia mais agradável. Por algum momento pensou que aquela estava vazia demais para uma terça-feira. Apressou-se para tomar o ônibus das 7:20 AM.Sentou-se ao banco e conferiu a hora no relógio de pulso: 7:16 AM. O silêncio, de repente, foi quebrado com o ringar do celular:

- "Alô?"
- "Dênis?" - perguntou a voz feminina do outro lado da linha.
- "Sim! Pois não?"
- "A Dra Fernanda pediu para ligar para você. O servidor da empresa foi desligado de madrugada. Tentamos contato com o Seu Jerônimo, mas não conseguimos localizá-lo. Você pode passar aqui para ver o que aconteceu?"
- "Errr ... tudo bem!" - respondeu receoso.

Sabendo como Seu Jerônimo, seu chefe, era rígido com o horário, resolveu lhe consultar antes de ir atender o chamado do cliente. Três tentativas e nada. Aquela altura, o ônibus já deveria ter vindo, mas nem sinal. Com um olhar panorâmico, percebeu que nem o ônibus, nem os carros, nem ninguém estava na rua. Teve um misto de receio com curiosidade, até que um novo toque no seu celular lhe despertasse.

- "Dênis, você tem a chave da loja?" - questionou-lhe Renata, sua colega de longa data.
- "Tenho sim."
- "Então corre pra cá que eu tô trancada pra fora. O Seu Jerônimo ainda não chegou. Não sei o que aconteceu. Tô tentando ligar pra ele, mas não me atende."
- "Pois é, eu também tentei e não consegui. A Dra Fernanda me ligou para ir ver o servidor da empresa dela, mas vou passar aí para te entregar a chave antes de ir pra lá, isso se o ônibus vier me buscar."
- "Ônibus? Tá brincando?! Não tem ônibus hoje. Eles pararam de rodar de madrugada e ninguém sabe o que aconteceu. Acho melhor achar outra forma de vir pra cá."

Sem ônibus, naquele frio, o jeito era rumar a pé e encarar os 6 Km de distância. Quem sabe aparece um táxi no caminho.


quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Os números da música

De todas as formas possíveis do ser humano fazer Arte, a música, acredito, seja a forma mais popular. Isso, eu falo, em nível de comunicação, porque, além de se comunicar, a música representa uma das afluentes da arte. Arte mesmo.

Quem conhece do metiê, pouco que seja, consegue perceber o quão difícil é compor. Quantas horas devem ser dedicadas para se aprender e estudar um instrumento, desenvolver técnicas vocais e o quanto é necessário ser abençoado com um dom para se fazer uma música.

Os grandes nomes dessa Arte estão espalhados pelo mundo, alguns, anonimamente, em função de conjunturas que fica difícil explicar ou entender. Outros, alcançam a fama, a fortuna, o reconhecimento do público. Nem sempre os maiores vendedores de discos são, realmente, músicos, conforme demonstram os dados abaixo:

- Há quem diga que Roberto Carlos é ruim, que sua música é previsível, enjoada e só agrada àqueles que nada conhecem do meio. Será? Pois fiquem sabendo que o "Rei" vendeu, em toda sua carreira, mais de 120 milhões de discos. É, os números impressionam. São mais de 50 anos de estrada. Com isso pode-se afirmar que RC não é ruim. Nenhum profissional ruim se mantém no mercado por tanto tempo com uma aceitação tão grande desse jeito;

- Outros números interessantes: O disco mais vendido da história, no Brasil, é do Padre Marcelo Rossi, entitulado Músicas para Louvar o Senhor, de 1998, com 3.328.468 de cópias distribuídas. Esses números são fáceis de interpretar. Não que a música do religioso seja ruim, mas junto a ele está associada a imagem da Igreja Católica e todos os seus fiéis. Duvido muito que um espírita convicto ou mesmo um luterano tenham comprado o disco do Padre. Enfim, mas a estatística é interessante;

- Essa é pra rasgar a boca do balão: O segundo disco mais vendido na história do país é o Xou da Xuxa 3, de 1988, com 3.216.000 de cópias. Todo mundo tem o disco dela atirado no fundo de uma estante, provavelmente todo riscado, mas tem. Riscado porque em algum momento tentou escutá-lo ao contrário ...

- Dessa lista, salva-se o LP Rádio Pirata ao Vivo, do RPM, de 1986, totalizando mais de 3.000.000 de cópias vendidas. Um fenômeno realmente. Mas esse é compreensível. No minha humilde opinião, esse é o melhor disco de rock feito por gente dessa terra. Merece a posição de destaque.

Enfim, fora as curiosidades aqui elencadas, o que se objetiva é mostrar que, muitas vezes, os lucros com as vendas superaram a qualidade dos profissionais. Não sou entendido, mas é fácil entender que os discos vendem não pela qualidade de suas gravações, mas sim pelo carisma dos artistas, ou pelo que representam na sociedade e as grandes gravadoras pouco se importam se gravarem relinchos de cavalos agonizantes, desde que isso represente retorno financeiro. Natural, né?!

terça-feira, 27 de março de 2012

A cidade sagrada

Desde criança, início dos anos 90, gurizinho em Santo Ângelo-RS, eu sonhava em conhecer Liverpool. Para todo beatlemaníaco, Liverpool é tida como a cidade sagrada, a Terra Santa. O local onde nasceram os Beatles. O lugar mais iê-iê-iê deste planeta.

Eu pensava muitas coisas. Imaginava que por lá as pessoas não andassem. Elas flutuavam, deslizavam como Lucy in the Sky with Diamonds. Acreditava que John ainda frequentava Strawberry Fields (forever). Sabe-se lá.

Quando o trem parou na Liverpool Lime Street Station eu, enfim, tinha chegado ao paraíso. Sorri sem ter motivos. Lógico que John, Paul, George e Ringo estariam ali fora me esperando para um Tour pela cidade. É, eles não estavam. Nem, muito menos, as pessoas viviam de modo diverso as que vivem por aqui. Tomei um táxi ao contrário e segui para o hotel. Conforme o tempo ia passando, o encanto parecia ir se esvaindo. "Não foi isso que eu sempre imaginei que fosse".

Inquieto, busquei a Mathew Street. Quero ver o Cavern Club, talvez lá seja diferente. Por entre grandes construções e ruas perfeitamente desenhadas, a gélida Liverpool me apresentou o local mais Beatle do planeta. Um lugar, uma construção feita de tijolo e cimento, como todas as outras são. Paredes decoradas. Escadas. Som alto. Nada demais. O velho Cavern já não existe mais, ele fora demolido em 1973 e reconstruído alguns metros adiante, imagino, devido a imensa procura dos fãs. O local remete à década de 60. As músicas estão vivas lá dentro, assim como sempre estiveram no meu toca-fitas, no meu toca-discos e por aí a fora.

O encanto parecia ter acabado. Descobrir que John, Paul, George e Ringo foram pessoas normais, que viviam normalmente naquela cidade foi demais para mim. Comecei a entender que Liverpool era bem mais que a cidade dos Beatles. Em cada esquina estavam os quatro. Todos com os mesmos rostos, os mesmos jeitos. Ingleses são muito parecidos. Os Beatles certamente são dali, todos se parecem com eles.

Na Arnold Grove, 12, existe uma casa. Pessoas moram nessa casa. George Harrison nasceu lá e a casa é uma casa como tantas outras. Ela existe e posso garantir que não se trata de nada mais que uma casa. O mesmo aconteceu na Forthlin Road, 20. Paul McCartney morou por lá na época em que conheceu John Lennon. Dizem que algumas músicas foram compostas na sala de estar desta residência. Outras, talvez, tenham sido escritas na Menlove Avenue, 251, onde John morava com sua tia Mimi.

Strawberry Fields, Penny Lane, Cavern, tudo existe e está lá. Parece-me que o encanto se quebrou quando pude tocar no que sempre imaginei ser intocável. Bobagens da minha cabeça. O dia 7 de março de 2012 é um dia histórico para mim. Eu descobri que os Beatles existiram sim e foram (alguns são) pessoas normais, que nasceram numa cidade normal, entre tantas pessoas normais.

Parece desdém pensar que tudo isso foi uma viagem trivial. Não foi. Só voltando para casa eu entenderei o que significou ter estado aqui (lá). Liverpool é um sonho realizado e valeu cada segundo da minha estada por lá. Tive medo de pensar que tudo teria sido em vão ... lógico que não foi. A minha Magical Mistery Tour, enfim, tinha acontecido.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

O bode brasileiro.

Não pela primeira vez, reunido com amigos, após alguns copos de bebida, como de praxe, o assunto tem que ser política. Tenho uma opinião formada sobre alguns assuntos, e sei que sou idealista, mas creio que é esse o caminho. Fico triste ao ouvir, rotineiramente, pessoas instruídas e esclarecidas quanto à política me falarem: Voto no “fulano” pois ele rouba, mas faz.!!

Opiniões são opiniões, e devemos respeitar todas elas e talvez, parar para refletir para, quem sabe, perceber que a nossa não é totalmente certa, mas essas pessoas que falam esse tipo de coisa são as mesmas que protestam quando lêem sobre corrupção, as mesmas que se revoltam quando as provas contra o Sarney são negadas pelo ministério público, as mesmas que cobram, nas rodinhas de conversa, ações contra o caso mensalão, entre outros. Soa-me muito incoerente isso e acho que falta amor próprio ao brasileiro em todas as suas classes.

Quando era pequeno meu pai me contou uma história sobre o bode, nela o que ocorria era que em uma casa, alguém colocava um bode e como qualquer animal desse porte, fazia suas sujeiras e causava grande transtorno àquele lar. Porém, ao vir alguém para retirar o bode de lá, a família se tornava eternamente grata, esquecendo que sempre viveu sem o bode, e que na verdade, deveria não ser grata a quem tirou o bode, mas sim revoltada com aquele que colocou o bode lá.

Infelizmente, os brasileiros são gratos àqueles que tiram o bode da vida deles, e com pequenos agrados, políticos passam a ter eleitores fiéis. Como pode, um presidente ser venerado pela população, sendo anunciado como o presidente da igualdade, porém a fortuna acumulada pela sua família durante seu mandato é algo totalmente desigual ?

O que falta ??? Não sei. O brasileiro é um povo tão sofrido e magoado com a política que é difícil mudar isso. As esperanças terminaram, esse é o problema...

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Obrigado vereador !!!

O vereador de Taubaté-SP Rodson Lima (PP), declarou no seu Facebook ontem (20/10/2011) que ao fazer uma viagem para Sergipe, sentia-se como um príncipe, dado o conforto das comodidades que usufruía na sua hospedagem em um hotel cinco estrelas. Além disso, ressaltou que tal padrão de vida é bancado com dinheiro público.

Após o episódio, o vereador foi procurado por telefone e voltou a afirmar que sua vida como vereador era muito boa, alegando que possuía à sua disposição “dois motoristas, assessores, celular, assessoria jurídica, gabinete com ar condicionado...”, segundo ele, ainda, “engenheiros que são formados por Harvard, Yale, Michigan não desfrutam disso que eu desfruto. É muita honra que o povo me dá. Eu sou eternamente agradecido.”

Por incrível que pareça, várias pessoas postaram comentários ofensivos ao vereador em resposta a tudo isso, pedindo respeito ao povo.

Eu venho através deste post agradecer ao nobre vereador, que além de ser grato ao povo que lhe elegeu e reconhecer que tem mais do que merece, abriu os olhos daqueles que, assim como eu, não têm noção de como esse pessoal desfruta do abundante dinheiro público. A imprensa sensacionalista, ainda faz questão de denegrir a atitude do vereador, ao invés de usar isso para tentar corrigir o que esta errado, ou seja, se ele tivesse usufruído de tudo isso (direito que lhe é dado, infelizmente, mas é o que acontece) e ficado quieto, tudo estaria em paz, porém como resolveu mostrar à população como as coisas funcionam (mesmo que sem querer), a resposta é de protesto.

Com isso, só posso crer que este pessoal que criticou este vereador pensa como o Sr. Reagan, personagem de Matrix que, ao degustar um apetitoso bife de carne, não resiste e comenta: “Sei que este bife não existe. Sei que quando eu o coloco na boca a Matrix diz ao meu cérebro que ele é suculento e delicioso. Após nove anos, sabe o que eu percebi? A ignorância é maravilhosa.”

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

O futuro do Brasil

Em momentos que a crise européia (quem diria?) ameaça entrar de sola no Novo Mundo, por questões de autodefesa, as pessoas começam a se questionar sobre a melhor forma de garantir seus futuros.

Incrivelmente, o Brasil é um país de cabeça para baixo, não só na questão que iremos abordar aqui, mas em muitas outras áreas que invariavelmente brotam da mesma celeuma nacional: falta de educação e de saúde. Vocês já observaram que todas as discussões acabam sempre brotando desse ponto de partida?

Se formos discutir a corrupção no Brasil diremos que existe uma cultura nacional vocacionada para o "jeitinho", a velha idéia de que se a "farinha é pouca o meu pirão primeiro", blá, blá, blá, o povo brasileiro precisa se educar e melhorar seus índices de acesso à saúde. Com educação ele terá condições de desfrutar de uma visão crítica em relação aos acontecimentos atuais e o acesso sanitário é uma condição básica para sua vida.

Se a pauta for a ocupação da cidades, a problemática urbana brasileira, vamos citar que o inchaço das cidades se deve ao êxodo rural dos anos 40 e 50, a maciça busca da população por melhores condições de vida e a idéia de que as cidades iriam lhes fornecer isso. Hoje temos um trânsito caótico, uma ocupação urbana desordenada e nociva ao meio ambiente, processos crescentes de favelização nas grandes e médias cidades, até chegarmos a dizer que se a população fosse educada e tivesse acesso à saúde de qualidade iria qualificar sua mão-de-obra, aumentaria sua renda, exapandiria seus horizontes e, por conseguinte, iria buscar locais adequados e dignos para montar a sua morada. Teria consciência ambiental e política. Buscaria seus direitos e exigiria uma postura mais decentes de nossos representantes.

Escolha o assunto. Qualquer um. Tudo brota da educação e da saúde. Além disso, o nosso país tem aspectos particulares, de cunho histórico, que não nos abandona e que provavelmente nos seguirá pelos próximos 500 anos. Eu falo da falta de identidade nacional do povo brasileiro. Infelizmente não somos identificados com a nossa terra, exceção feita as identidades regionais e ainda assim muito discretamente para um país do tamanho do Brasil.

Vou me arriscar a dizer que esse fenômeno acontece entre vários motivos, mas pelo fato de que nossos antepassados não fizeram força para ter o Brasil. Ser brasileiro aconteceu, não foi algo suado, não lutamos por essa terra, nossos avós não tiveram que se sacrificar para viver aqui. Foi fácil e tudo que vem fácil não tem valor.

Para finalizar, vou fazer um pequeno teste com você: suponhamos que um sujeito chegue até sua casa e lhe faça a seguinte proposta: Você terá que deixar a sua casa, os seus pertences, a sua terra para ir morar na Inglaterra, onde lá, terá uma casa igual a sua, terá as mesmas coisas, o mesmo emprego, tudo igual, só terá que morar lá, porque eles irão atear fogo no Brasil, destruir tudo por aqui. Você vai? Ou fica?

Pensa bem .... ;-)

domingo, 3 de abril de 2011

Justiça brasileira - resposta

Fui questionado sobre que orientação eu daria ao "atropelador" no incidente dos ciclistas ocorrido em Porto Alegre no mês passado, tema do post "Justiça brasileira".

Em primeiro lugar quem escreveu o post mencionado foi o outro parceiro deste blog, não eu. De qualquer maneira, vamos ao questionamento.

Realmente, como diria o velho e conhecido refrão "merda cagada não volta para o cu", diante daquele quadro a orientação seria mesmo fugir, esconder-se, tentar um laudo médico para retardar ao máximo a sua apresentação na polícia, afim de evitar uma prisão processual. Aqui cabe um pequeno esclarecimento sobre a dita prisão em flagrante delito.

PRISÃO EM FLAGRANTE

É uma prisão que consiste na restrição da liberdade de alguém, independente de ordem judicial, possuindo natureza cautelar, desde que esse alguém esteja cometendo ou tenha acabado de cometer uma infração penal ou esteja em situação semelhante prevista nos incisos III e IV, do Art. 302, do Código de Processo Penal. É uma forma de autodefesa da sociedade.

Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito.

Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:

I - está cometendo a infração penal;

II - acaba de cometê-la;

III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;

IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.

A expressão flagrante vem da expressão FLAGARE, que significa queimar, arder. É o que está acontecendo ou acabou de acontecer. É o evidente. Não existe, portanto, um tempo hábil para que uma pessoa seja ou não presa em flagrante, isto depende das circunstâncias.

Por exemplo, um sujeito "A" flagra outro "B" matando "C". "A" dá voz de prisão em flagrante, conforme prevê o art. 301 do CPP. Diante disso, "B" foge. "A" o persegue e esta buscar se desenvolve, vamos supor, num período de uma semana sem parar. Ao oitavo dia de perseguição, "A" consegue capturar "B". Pela teoria popular já teriam se passados as 24h do flagrante, mas nesse caso é nítido que o flagrante é totalmente válido, justamente porque não existe um tempo hábil para que ele ocorra, ele simplesmente tem que ser sequencial.

No caso em que estávamos analisando, todas as pessoas que presenciaram o atropelamento em massa estavam aptas (se não estivessem atropeladas) para dar voz de prisão ao atropelador. Como não foi possível que nenhum dos presentes desse voz de prisão ao agressor, este evadiu-se do local, quebrando, assim, a possibilidade de prisão em flagrante.

O que ocorreu a posteriori foi um mero embromation jurídico para sensibilizar a autoridade judiciária quando ao pedido de prisão preventiva do agressor. Orientação que qualquer advogado criminalista daria, sem sombra de dúvidas.

Crimes que tem repercussão midiática, como foi o caso, dificultam, e muito, a atuação da defesa, até porque a opinião pública pressiona as autoridades a tomarem providências enérgicas e rápidas.

Agora vamos atacar o mérito da questão, no que tange ao que EU faria. Sinceramente, não pegaria o caso. Indicaria outro advogado, diria que eu não teria condições plenas de exercer o direito de defesa do agressor, até porque é um caso típico de tentativa de homicídio, onde este não ofereceu condições de defesa às suas vítimas. Por questões morais e éticas eu passaria a bola, mas que a orientação do advogado para livrar o seu cliente estava correta, ah, estava, não tem como negar.

Um abraço, Siminski!

quinta-feira, 31 de março de 2011

Jair Bolsonaro vs Preta Gil

Jair Bolsonaro é, como muitos, um conservador. Posição política e sociológica que merece ser respeitada. Acontece que atualmente, no Brasil, todo conservador é taxado de nazista. Ninguém está autorizado a defender o conservadorismo. Ou se acompanha as "modernas" idéias em prol do homossexualismo, consumo de drogas, direitos humanos aos presidiários, socialismo (assistencialismo) exacerbado, cotas nas universidade ou se é nazista.

Jair Bolsonaro foi oficial do Exército, formado pela Academia Militar da Agulhas Negras no ano de 1977. Pára-quedista militar e instrutor de educação física formando pela EsEFEx, ele foi acusado de indignidade para o oficialato em em 1987, pelo Ministro do Exército, Leônidas Pires Gonçalves, sendo absolvido, em 1988, pelo STM, pelo simples motivo de ter declarado à imprensa a baixa remuneração dos militares.

Preta Gil é uma cantora, atriz e apresentadora brasileria. Ela é filha de Gilberto Gil e afilhada da cantora Gal Costa. Sempre se destacou por suas declarações em defesa do movimento Gay, ou por dizer que transou com este(a) ou aquele(a) ator/atriz global. Seus discos e shows baseiam-se em covers.

Ela não é nazista. Ele é.

O país que tem espaço para o Mensalão, para fraudes nos "pardais", corrupção dentro do parlamento, das instituições públicas e para o assistencialismo descarado, tudo em nome da democracia, tem que ter espaço para os conservadores independente da opinião que eles tenham. Pois se os "progressistas" se desagradam quando ouvem uma colocação tradicional, o mesmo também é verdadeiro.

Defender as minorias é uma posição muito confortável. Vou relembrar uma entrevista da mesma Preta Gil, no mesmo programa CQC, no mesmo quando "O povo quer saber". Uma moça perguntou para ela se existem pessoas que gostam da músca dela, ela prontamente respondeu: "Oh gata, meu amor, você não tem noção! Você acha que eu estou rica porque? Porque as pessoas estão indo no meu show tacar cocô em mim? Claro que não, né!". Sobre essa declaração dela não incide nenhuma cobrança? Não, né, que bobagem ela falou ... coisa sem relevância nenhuma. Pois do mesmo jeito eu analisei a entrevista do Jair Bolsonaro. É a simples opinião dele. O cara não gosta de homossexuais, poxa, deixa ele. E vamos parar com essa demagogia de que todos são iguais e são respeitados, porque todos sabemos que isso não existe.

terça-feira, 1 de março de 2011

Justiça Brasileira

Nesta sexta feira (25/02) algo me chamou a atenção: o atropelamento de vários ciclistas em Porto Alegre e a evasão do motorista. O fato foi filmado e ontem tomou conta dos jornais de todos os canais. Foi realmente chocante.

Os que assistiram, provavelmente pensaram – eu pensei – que a atitude do motorista não pode ser enquadrada em nada a não ser tentativa de homicídio.

Pois bem, o responsável pelo ato foi localizado, é funcionário do banco central que dentro da sua prepotência e arrogância que seu cargo lhe permite, definiu-se dono daquela rua e achou por bem passar por cima dos que estivessem impedindo seu deslocamento, e pasmem, mesmo apresentando-se à polícia, o sujeito esta solto e sabem o motivo, ele fugiu do flagrante!!! E claro, nada como ser funcionário do banco central.

Como é possível, a justiça incentiva a fuga do local, a falta de hombridade, o não prestamente de socorro. Não entendo. Tenho que a justiça deve ser a entidade a evitar, sempre, a má fé das pessoas, deve ser aquela a amparar o cidadão de bem. As cenas foram filmadas, o culpado apresentou-se à polícia, será que é mais um caso de autoridade pública que vai passar em branco?

É difícil engolir este tipo de ato. Na verdade a justiça brasileira vive um caos. Processos levam anos para serem definidos. Pessoas que deveriam dar o exemplo são as que fazem exatamente o contrário, e ficam impunes.

Obs.: O fato dos processos estarem atrasados há uma justificativa, os juízes brasileiros estão realmente sobrecarregados. Há muito trabalho. Dar aulas em faculdades, cursinhos, trabalhar com consultoria etc. geralmente não deixa muito tempo livre para que eles possam dar seus pareceres nos processos do povo.

Já cheguei a pensar que o povo brasileiro tem o que merece, afinal os políticos são o reflexo da população, mas hoje tenho uma opinião um pouco diferente. Como exigir algo se o que vemos é que os nossos representantes cometem crimes e nada acontece com eles. Citamos inúmeros exemplos atuais: O mensalão, os passaportes diplomáticos aos filhos e netos de Lula, o poder que o maior traficante do país tem em uma prisão de “segurança” máxima, o Fernandinho Beira-mar. O povo tem a idéia formada de que nada vai acontecer, a idéia de que “tudo pode, o que não pode é ser pego”. Sinceramente, o povo é o menos culpado nisso tudo!!!