quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A Batalha dos Aflitos

Cinco anos se passaram daquele que foi o jogo mais inacreditável da história do futebol.

26 de novembro de 2005. Sábado. São Leopoldo, Rio Grande do Sul. A última partida do Grêmio pela Série B, eu assisti no meu apartamento. Aos 35 min do 2 tempo, o árbitro, Djalma Beltrami, assinalou pênalti, num lance que a bola toca no cotovelo do volante Nunes do Tricolor.

Naquele momento eu escutava o jogo no rádio e assistia na TV. A voz do narrador Haroldo de Souza chegava uns 10 segundos antes da imagem. Quando ele gritou "pênalti" eu olhei para o monitor e não entendia como poderia isso ter ocorrido. Fiquei estático. Não acreditava no que estava acontecendo. Abri a janela do meu quarto e comecei a olhar para a rua, desqualificando o time do Grêmio:

- Esse time tem que ficar na Segunda Divisão mesmo!!!

Foram quase 30 minutos de agonia. Sem saber o que iria ocorrer. Nesse momento recebo uma ligação do amigo colorado, o saudoso Sgt Meireles:

- Vocês tem que expulsar mais um para acabar com esse jogo. O Grêmio tem que sair de campo!

Desliguei. Óbvio que o Meireles não estava interessado em ajudar o Tricolor. Foi só um pretexto para saber como eu estava me sentindo naquele momento dramático.

Quando o árbitro levou a bola até a marca do pênalti, a minha namorada (à época, atual esposa), sentada ao pé da minha cama me disse, enquanto pintava umas caixas de artesanato:

- Não se preocupa, ele vai errar.
- Mas como que vai errar??? Como??? Eles já perderam um pênalti, tu acha que eles vão perder outro??? Não fala um absurdo desses!!! - esbravejei.

Fiquei de pé em frente ao meu armário. Reparei que o jogador do Náutico, o Ademar, tomou pouca distância para cobrar o pênalti. Logo me veio na cabeça os dizeres do meu Pai que sempre condenou jogadores que tomavam pouca distância para executar essas cobranças. Citava o Sócrates na Copa de 86. Durante as passadas de Ademar rumo a bola eu disse "vai errar". Só percebi que isso tinha realmente acontecido uma fração de tempo depois. Não contive a minha alegria. Apesar do Grêmio ter sete jogadores em campo, eu entendia que a partida se decidiria naquela cobrança. Se fosse gol, estava tudo acabado, se não, o Tricolor resistiria até o fim.

Corri para o telefone para ligar para casa. Queria falar com o meu Pai. Quando ele me atendeu, nem se estabeleceu um diálogo, no fundo ouvi minha mãe gritar "olha, o Grêmio vai fazer um gol!". Desliguei imediatamente e voltei os olhos para a televisão. Vi os jogadores comemorando, mas não entendia o que estava acontecendo até, novamente ser alertado pela minha querida:

- O Grêmio fez um gol!

Logo veio o replay. Era gol mesmo. Não consegui conter a emoção. Ajoelhei-me no quarto e gritei com toda a força do mundo. A partir disso, foi só esperar terminar o jogo e entender que bem mais do que ser campeão da Série B, este jogo fui um marco na história Tricolor. Um épico da Imortalidade. Tinha que ser o Grêmio.

3 comentários:

Charles disse...

Cara, que lindo!!!
Parabéns, muito bem escrito. Revivi o jogo, e como no dia me emocionei. Nada neste mundo pode substituir o que foi vivido nesta data. Graças a Deus sou gremista.

Douglas disse...

Charles, agora é a tua vez. Queremos um post "A Batalha dos Aflitos II" narrando como foi o teu jogo.
Um abraço

Lidi disse...

Lembro-me perfeitamente do dito dia!!
Vc esqueceu de mencionar a parte em que vc brigou com os colorados pela janela do apê...
Foi nesse dia que percebi o quanto o Grêmio é importante para vc...
Mas só para costar..., EU DISSE QUE ELE IRIA ERRAR!!!